B de Bermuda

27/03/2007

Olá, pessoal, hora de mais um B de Bermuda. Depois de um artigo bem NERD, altamente inspirado e quilométrico, voltei à minha falta de assunto. Que seja. Depois de refletir um pouco resolvi falar de uma teoria pessoal minha, que é sobre as pessoas Bacon e as pessoas Alface.

Pessoas Bacon são aquelas que não perdem a chance de comer exageradamente alguma coisa altamente engordativa em prol de uma felicidade fácil e imediata. Pessoas que gostam de ir num rodízio de carne e não apenas dar prejuízo pro restaurante, mas matar o pasto inteiro e ainda ajudar a prevenir o aquecimento global. Elas vão lá, enchem o rabo de comida e ficam felizes. Esfericamente felizes.

Já pessoas Alface ficam contentes com uma leve e refrescante saladinha na hora do almoço, na expectativa disso melhorar a saúde e a qualidade de vida delas a longo prazo. São pessoas que curtem um bom buffet de saladas e uma opção de carne branca acompanhadas de um suco, comendo não mais que o necessário pra matar a fome. Elas ficam felizes só de saber que estão controlando seus níveis de colesterol e a quantidade de calorias ingeridas.

Caso vocês não tenham percebido, pessoas Bacon não precisam necessariamente comer ou sequer gostar de bacon, é uma questão de atitude em relação à comida. O mesmo vale pras pessoas Alface. Mas, na verdade, essa diferenciação é só teórica, pois na prática ninguém é 100% do tempo Bacon ou 100% do tempo Alface. Por mais que as pessoas tentem.

Eu, por exemplo. Eu gostaria de ser Bacon 100% do tempo. Se pudesse, viveria consumindo apenas alimentos que incluem no preparo imersão em óleo fervente ou em calda de chocolate. Mas não dá. Não dá pra ser Bacon o tempo inteiro. Seja porque o Giraffas põe uma saladinha pra acompanhar os PFs que eles têm, seja porque minha veia japonesa me obriga a comer porções de arroz branco para me sentir bem comigo mesmo, seja porque uma nutricionista me falou que se eu não parasse com o refrigerante “normal” e ficasse no light eu não ia mais conseguir caminhar sem arrebentar o asfalto. Como vocês percebem, eu sou uma pessoa Bacon com recaídas Alfacísticas. Não tem como, no final das contas eu quero viver um pouco mais, até meu ataque cardíaco fulminante. Por isso eu me engano comendo um pouquinho de salada no rodízio ou eu peço refrigerante light no McDonald’s. É ridículo, eu sei, mas eu preciso dessa pequena porcentagem Alface na minha vida. Droga. Algum dia viverei só como Bacon.

Mas o inverso é o mais comum. Pessoas Alface que têm recaídas Bacon. Por exemplo, conheço uma vegetariana que, se pudesse, acabaria com o estoque mundial de cacau (sim, estou falando de você!). Ou o meu pai, que vive falando que vai virar vegetariano e ficar só com comida (e uma vida) light, mas que quando minha madrasta não está olhando, vai comigo num restaurante especializado em feijoada. Acho que de certo modo é mais difícil ser uma pessoa Alface, o lado Bacon é muito mais saboroso e cheiroso. Talvez chegue o dia em que todo mundo vai virar monge tibetano e só comer o que cai de árvore, mas até lá a tentação do lado Bacon vai continuar destruindo a auto-estima de pessoas Alface.

Como se não bastassem as dificuldades naturais de pertencer exclusivamente a um lado só da Força, aquelas que você batalha consigo mesmo para se manter fiel a seu paladar, ainda tem um bando de outras pessoas para te incomodar. Pessoas que ficam te julgando pelo que você come, pelo que você deixa de comer e pelo formato geométrico da sua silhueta. Não dá mais pra ser feliz sendo só Bacon, algum Alface vai te chamar de gordo balofo esférico banhudo e te deixar deprimido (principalmente quando for alguém do sexo oposto). Ou, no caso dos Alfaces, algum Bacon vai ficar te olhando como se você fosse anoréxico, achando que você é um anormal por não comer a gordura da picanha.

Qual a solução para esse conflito, os Bacon versus os Alface? Simples, dar uma de Tucano e ficar no meio do muro. Comer o que gosta quando estiver entre seus pares e fingir que pertence ao outro lado quando estiver com outras pessoas. Vai comer uma lasanha? Se for um Bacon, faça a festa, mas peça um suco. Ou dispense a sobremesa. Se for um Alface, peça uma lasanha verde. Continua altamente calórica, mas é verde. Engane quem estiver com você, engane a si próprio, mas coma e seja feliz. Tente achar um mínimo de contentamento em algum momento da refeição e em toda refeição, seja na salada ou na sobremesa. Já teve vezes que fui em restaurantes light que eu fiz a festa no pãozinho do couvert.

Na verdade, eu estou descrevendo o que todo mundo faz, consciente ou inconscientemente, mas alguém tinha que teorizar isso tudo. E, no fundo, ainda têm aqueles que se mantém fiéis a sua crença, comendo o que gosta o tempo inteiro e sem nenhum questionamento nem nenhuma dúvida quanto à sua escolha alimentícia. Alfaces que acham que o tempero da salada é muito calórico e comem a salada na marra e Bacons que gostariam de fazer um hot dog completo empanado enrolado em bacon. De certo modo, eu invejo essas pessoas que se mantém firme em seu caminho.

Bem, acho que já falei tudo que tinha a falar sobre o assunto. E você? É um Bacon ou um Alface? Ou é que nem o “salada filé” do Giraffas, uma salada de alface com pedaços de bacon (e bife e croutons e queijo ralado e tempero)? Enfim, seja o que for, coma o que quiser. NERDice do dia: “Comida é felicidade”. Falô.

Ps.: Caso alguém tenha feito piadinhas idiotas em cima do verbo “comer” durante minha coluna, amiguinho, vai se foder.


B de Bermuda

19/03/2007

Olá, pessoas, NERDing time. Hoje vou voltar mais às minhas mais profundas raízes NERDs e falar sobre como Neon Genesis Evangelion é o Star Wars do animê.

Eu sou um grande fã (mas não fanático) de Star Wars e um fã “mediano” de Evangelion (apesar de que um dos meus apelidos para aqueles que não me chamam de Bermuda é Gendou, um dos personagens de Evangelion de quem eu fiz cosplay), e me considero um bom conhecedor dos dois. Quero dizer, não decorei todos os planetas e raças de Star Wars nem estudei todas as referências intelectualóides de Evangelion, mas eu gosto das duas obras. E elas possuem grandes semelhanças, tanto para o bem como para o mal.

Ambas são obras de ficção científica cuja espinha central da história é sobre um antagonismo entre pai e filho: Luke versus Darth Vader e Shinji versus Gendou. Ambas marcaram a história de seus respectivos meios e criaram uma legião de fãs. Ambas criaram “produtos muito NERDs que todo e qualquer NERD quer ter”, a saber: os sabre de luz e os próprios Evas. Ambas criaram roupas fetiche para todo NERD homenagear, o biquini dourado e as plug suits. Enfim, possuem uma boa dose de semelhanças.

Mas o principal ponto de convergência entre as duas obras é uma das suas maiores diferenças (essa frase é capaz de me render um doutorado, ela não significa absolutamente nada, mas depois de eu explicar vai fazer sentido) (acho). Esse ponto é: os criadores das duas obras estragaram elas ao tentar recontar uma parte dela. George Lucas estragou Star Wars ao tentar contar o início da história, inventando um começo que não apenas estragou o melhor vilão da história do cinema (desculpa, Hannibal, mas Vader é mais legal) (bem, era) como conseguiu estragar todos os outros elementos do universo também (como assim, mid-chlorians?). Hideaki Anno estragou Evangelion ao tentar refazer o final da história com o filme “The End of Evangelion”, que não apenas ignorou todo o desenvolvimento dos personagens durante o animê como criou um final completamente vazio e desprovido de significado.

E a diferença entre esses dois desastres NERDs foram os fãs. Enquanto George Lucas ignorou completamente todos os fãs e baseou a trilogia ruim nas manchas de merda do papel higiênico de um banheiro público (hum, essa aqui com um pedaço de milho eu vou chamar de Jar Jar Binks!), Hideaki Anno ouviu uma parcela de fãs retardados e acerebrados que ficaram chiando por não entender o final do animê e fez um filme-frankenstein medonho e idiota.

Vamos explicar melhor. Começando por Star Wars. Ao anunciar que ia filmar os episódios 1, 2 e 3, Lucas deixou os fãs excitados ao mesmo tempo que temerosos. Quer dizer, revisitar a saga mais de vinte anos depois, alguma merda tinha que dar. Mas a maioria não ligou e só ficou esperando e bolando teorias sobre esses três novos filmes. Noventa porcento dessas teorias eram merda, absolutamente ridículas e sem sentido. Outros nove porcento eram algo entre muito ruim e insuportáveis. O resto era só ruim. Então Lucas fez bem em não ouvir os fãs, certo? Não, já que o resultado final é pior que a maioria das teorias inventadas pelos fãs. Quem ele tinha que ter ouvido eram os fãs que perceberam que filmar o começo da história agora ia ser uma péssima idéia:

“Quer dizer, passaram-se vinte anos, cara. Olha esse bando de NERDs com suas teorias loucas e suas tatuagens do Han Solo. Eles não vão gostar de qualquer coisa que você fizer, por melhor que seja. Eles já tem uma visão fixa do universo, tarde demais, aprenda que quando você faz uma obra e a apresenta para o mundo, ela meio que deixa de ser sua e pertence a cada um dos espectadores. Não estrague tudo o que você mudou nessas pessoas. Se quiser, revisite o universo, mas o faça com outros personagens. E lembre-se de não dirigir os filmes, pelamordedeus. Faça como em “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi”, chame caras bons para dirigir. Só fica no roteiro e na produção. Mas lembre-se de respeitar os fãs. Eles quem fizeram você ser quem você é.”

Obviamente ele não ouviu eles. E fez a famosa “trilogia ruim”. Estragou tudo. Imbecil. Devia ter ouvido os fãs. Os fãs certos, isto é.

Agora Evangelion. Antes de começar, uma explicação sobre Evangelion. Existe o animê, o mangá e o(s) filme(s). O animê foi o primeiro a ser idealizado, e em seguida foi criado o mangá em cima da história do animê. Mas, como demora pra se fazer uma animação, o mangá acabou publicado antes do animê começar a ser exibido, e quando o animê começou, ele rapidamente ultrapassou o mangá e terminou a história. Tanto que o mangá ainda é publicado no Japão (e no Brasil, uma vez por ano). Mas o final do animê não fez muito sucesso e então a Gainax (o estúdio criador de Evangelion) resolveu fazer um outro final, mais próximo daquilo que os fãs queriam. Daí o filme “The End of Evangelion”.

Atenção: Spoilers de Evangelion! Leia com cuidado!

O final do animê é bom e funcional. Não é genial, mas é original. São os dois últimos episódios (de um total de vinte e seis) e consiste basicamente de uma sessão de terapia dos três personagens principais, onde eles entram dentro das suas próprias mentes num processo introspectivo e resolvem seus traumas e andam pra frente. Tem uma série de brincadeiras com a animação e com os diálogos, ficou uma coisa bem legal e interessante. Mas o principal é que lida com aquilo que eu considero o principal de toda e qualquer história: os personagens. O desenvolvimento deles – aquilo que eles eram e aquilo que eles se tornaram – é o que sustenta uma história. E o final do animê de Evangelion é o ápice disso, onde podemos acompanhar o desfecho do crescimento dos personagens, quando eles “digerem” todas as suas experiências e se tornam novas pessoas. E você, o espectador, que acompanhou todo esse pedaço da vida do personagem por todos os outros episódios, se sente bem (ou não) pelo personagem. Por saber que ele conseguiu. Obviamente você pode não concordar com as decisões do personagem, mas no final você vê que a história dele chegou a uma conclusão. O final perfeito, não?

Claro que sim. Mas obviamente que um bando de gente não concorda com tal afirmação. Pessoinhas que não olharam para os personagens em nenhum momento do animê, ficaram ocupados demais olhando para as curvas das garotas de collant e para os robôs gigantes brigando. Pessoas que preferem a forma ao conteúdo. Pensando bem, pessoas que preferem conteúdos picaretas em embalagens bonitas. Isso que move o capitalismo, certo? Não vou brigar com elas. Eu sou assim em vários momentos da minha vida, que seja. A pessoa com quem eu vou brigar é Hideaki Anno, por ter dado ouvidos a essas pessoas:

“Huh, sabe o que ia ser legal? Porrada. Sangue. Guerra. Tipo assim, um monte de robôs tretando uns contra os outros. Acho que ia ser mais legal se for um contra rapa. De preferência a Asuka sozinha, ela é mais gostosa. Aliás, os peitinhos dela podiam aparecer. E que tal se a Misato beijar o Shinji? Fica uma coisa legal e meio “complexo de Édipo”, e em seguida eles podem transar enquanto a base da NERV explode! E ela tem que estar segurando uma arma, mulheres com armas são legais. E se, ao mesmo tempo, o Gendou agarrar a Ayanami pelas tetas? Uhú! E no final, o Shinji salva o mundo. Mas não esse mundinho de merda onde eu não consigo comer a gostosa da escola, eu quero um mundo novo e diferente, melhor! Hã hã hã! É isso!”

Nota: apenas um dos fatos listados acima não acontece efetivamente no filme. Quem assistiu sabe qual.

Olha o tipo de gente que o Hideaki Anno foi escutar. Pelamordedeus, olhem o filme que saiu disso. Lamentável. Esse tipo de fã não deve ser levado a sério: você cumprimenta ele se ele chegar perto e continua sua vida. Fugindo correndo. Ele que fique na dele, e bem longe de mim. Um criador de histórias tem que ouvir o fã? Sim, mas não mudar completamente a história baseado nas besteiras que eles falam. Manter-se fiel à história é um dos maiores favores que qualquer roteirista pode fazer pelo leitor/espectador. E o que aconteceu no filme de Evangelion é que praticamente tudo pelo que os personagens passaram durante a série foi ignorado e eles se tornaram outros personagens, com a mesma aparência mas personalidades diferentes. É horrível. Hideaki Anno, você cagou tudo.

Ele ouviu as pessoas erradas. Devia ter ficado na dele, feliz com o final bom que ele fez. Um final fiel aos personagens.

Conseguem ver a situação toda das duas obras? Elas se estragaram graças ao relacionamento entre os fãs e os criadores. No final das contas, é um problema com a expectativa que se cria em cima de certas histórias, e de como é impossível agradar a todos. A tendência é ou não agradar ninguém além do próprio ego (como aconteceu com George Lucas em Star Wars) e ou não agradar ninguém por completo, apenas criar discussões entre os fãs (como aconteceu com Evangelion). Mas, no final das contas, a verdadeira solução é continuar com a vida. Ou seja: acabei uma obra? Legal, agora a próxima. Chega de falar da mesma história o tempo inteiro. Criem coisas novas. Ponto.

Mas, obviamente, nem um nem outro vai ouvir quem falar coisas assim. Afinal, enquanto um está produzindo a série de TV de Star Wars para preencher o vácuo entre os episódios 3 e 4, o outro está refazendo a história inteira de Evangelion, para ser recontada por completo em quatro filmes. Provavelmente vão ficar uma merda. E, obviamente, eu vou assistir a tudo isso. Nem vou discutir porque, mas saibam que eu vou assistir e pronto. Fim. No final das contas, os verdadeiros culpados não são os criadores, mas os fãs. Eles dão corda pra produção de merda.

Chega de reclamar. Se você leu até aqui, obrigado. Fazia tempo que não saía uma coluna tão grande. Mas acho que consegui falar tudo o que eu queria. NERDice do dia: “Nunca peça uma continuação ou um prólogo para um roteirista, ele vai estragar tudo”. Falô.


Pronto, vim pro inferno, o que eu faço agora?

16/03/2007

Sabem o que fazer pra te levantar, onde chutar pra te encurvar e o que dizer pra te derrubar.
Rápida, unilateral e óbvia constatação de que a mulher é o capeta. Obrigado.
C.

SEDEX

16/03/2007


– Marcelo!
– Hã?
– Chegou um pacote!
– Tá!
– Vem cá, acho que é namorada que você pediu!
– Tá! Já, já eu vou!
– Mas você falou disso o mês inteiro, vem ver a garota!
– Tá, cara! Chegou, beleza!
– Meu, você tem que cuidar dela agora que chegou!
– Cara, deixa ela aí, problema meu!
– Você não tá nem aí, né?
– Garota minha, problema meu!
– E se te roubam a mina?
– Eu pedi ela com uma risada alta estranha, certa confusão mental e absurdo medo de se apaixonar, uns trecos malas que tavam na lista! Ninguém vai me roubar!
– …
– Paulo!
– …
– Paulo, eu tô falando… Porra, onde você foi com a MINHA namorada???


C.


Eu sei

14/03/2007

– Só pra constar… eu sei, tá?
– Sabe o quê?
– Sei que vc fingiu pegar o cigarro só pra roçar no meu peito.
– Quê?
– Não, não vou te bater, nada… Só quero que saiba que eu sei. Eu percebi.
– É?…
– É. Você tá a fim de mim. Ok.
– Percebeu isso?
– É.
– E vai fazer o quê?
– Eu? O que eu tenho que fazer?
– Sei lá…
– Então fica por isso mesmo.
– Tá… Não, não fica!
– O quê vc quer fazer?
– … posso fingir que assobro essa migalha de Ruflles da tua bochecha e te beijar a boca apaixonadamente?
– Eu não estou ouvindo nada…


C.


GOZEI!

13/03/2007

C.

Guti-Guti

13/03/2007


– Acha bom deixar o nenê na varanda?
– Acho. Ele respira melhor, algo saudável, não esse ar viciado de desodorante e miojo daqui de dentro.
– Sei, mas ele vai ficar bem?
– Quer discutir com o meu instinto maternal, Sérgio? Porra!


C.


B de Bermuda

12/03/2007

Olá, pessoas, hora e NERDar. Hoje estou sem muito tema, então vou fazer uma crítica rápida do “Motoqueiro Fantasma”, ou como é mais conhecido por aí, o “Nicholas Cage de Peruca”.

Eu não conheço o personagem. Nunca li uma história dele. E foda-se, não creio que eu vá ler em algum momento. Que seja. Mas vi o filme. Então, falemos do filme. Ah, talvez tenha uns spoilers, se for ver o filme, leia esta coluna com cuidado. Não é como se fosse fazer muita diferença, mas eu tô tentando evitar spoilers, de qualquer jeito.

Humor involuntário. Esta é a expressão que define este filme. Só não ri alto durante a projeção porque eu seria o único. Quer dizer, eu e a minha namorada, que também tava se segurando pra não cair na gargalhada. E achei estranho não ter mais gente rindo loucamente, já que, bem, nós éramos as pessoas mais velhas da sala. Normalmente esses adolescentes bestas riem de qualquer merda (e falam alto e atendem celular durante o filme). Achei que ia ser uma sessão de gargalhadas, mas acho que o pessoal levou o filme a sério. Ou talvez fossem todos fãs de carteirinha do Ghost Rider, vai saber. Mas que é engraçado, é. Só não ri mais que no “Justiceiro”, que também é cômico.

Começa com o Nicholas Cage, que fica apontando pras pessoas a porra do filme inteiro. Ele, pára, faz uma cara séria, aponta numa direção e fala algo como “Você!” e continua apontando. Ninguém ensinou que é feio ficar apontando? Que coisa. Ficou muito canastra. Isso quando ele não fez isso com a mão em chamas, era ainda mais estranho com os ossinhos apontando. Era tão canastra e tão “quero ser dramático” ao mesmo tempo que ficava engraçado.

Depois tinha a Eva Mendez, ou o par de peitos do filme. Literalmente. Para alguém que em certo momento do filme fala que venceu na vida, pra que usar esses decotes absurdos e nunca usar sutiã? Quero dizer, peitos femininos SEMPRE são legais, mas ficou muito forçado. É quase um “vou a padaria de biquíni”. Nenhuma mulher faz isso. Não longe da praia, pelo menos.

E pra finalizar, os vilõezinhos. Esse filme sofreu do mesmo problema do “Elektra” (que eu considero o pior filme da Marvel dessa “nova geração”) (se bem que eu não vi todos os “Blade”), ou seja, aparecem uns capangas do vilão principal que morrem em questão de segundos e de forma retardada. Eles vêm, fazem suas posesinhas, dão seu showzinho, falam duas falas. Depois vão lutar com o Motoqueiro e morrem em segundos. Que bosta. Isso não foi engraçado, mas eu tinha que falar. Engraçado era o vilãozão, que parecia ter uns quinze anos e estar tendo um piti de aborrecente pentelho. Era muito tosco. Agora que parei pra pensar, entendi porque o público levou o filme a sério, eles também estão numa fase piti de aborrecente, então eles se indentificaram com o vilão. Mas era engraçado, de certo modo.

Enfim, o filme é tosco. Mas é divertido. Quem quiser assistir, uma recomendação: espere o DVD, e assista meio bêbado. E com companhia. Vai ser divertido. NERDice do dia: “Tem horas que só o humor involuntário salva”. Falô.


Calça das Trevas

07/03/2007


Não postei nada semana passada. Basicamente fiquei olhando pra parede. Se passava uma barata eu matava. Estava me caindo uma ficha sobre a importância das pessoas no esquema geral das coisas. Assim, se eu e as pessoas que conheço formassem elenco de um filme, ou um núcleo específico de uma novela, eu não seria o herói. Imaginei que talvez pudesse ser, mas “Não se anima não, Calça” disse uma voz. E eu voltei a olhar pra parede. Percebi que seria sempre o amigo engraçado do herói, ou o irmão que morre e que merece vingança, ou menos ainda: o capanga que trai e se arrepende, o motorista do táxi que leva a mocinha da história pro aeroporto, o ascessorista do elevador que diz bom dia e ninguém lembra sequer do rosto. Eu entendo de roteiros, e esses personagens não compõe nada além da super importância dos heróis. Um filme só com eles pode ser artístico, mas são vidas pequenas, medíocres, pessoas que já não se animam mais com nada. Senti a vontade de ficar ali, parado, pra sempre. E desistir mesmo de me animar. Arranjar um emprego repetitivo com outras pessoas vazias como eu, ser como todo mundo. Não ter nada pra dizer, nem pensar em nada. Quem se arrisca com sucesso são os heróis. Os coadjuvantes somem, e não é um erro de continuidade. Eles não interessam.


B de Bermuda

05/03/2007

Olá. Esta coluna vai ser um pouco diferente, vai ser um pouco mais pessoal. Um pequeno descargo de consciência.

Minhas colunas têm caído de qualidade nesses últimos tempos. Sim, eu percebi. Acho que foi desde o começo do ano, depois das “férias”. Por quê? Poderíamos listar algumas razões, como o fato de ser um ano ímpar, ou talvez porque eu fiquei sem escrever por um tempo e perdi a mão, ou porque eu estou passando por uma fase “não tenho futuro e vou morrer na merda”. Mas eu acho que o principal motivo é que eu estou tendo que acordar cedo todo dia desde o começo do ano.

Eu nunca fui uma pessoa matinal. Só pra tomar banho, isto é. Mas a questão é que eu nunca funcionei direito pelas manhãs. Sempre fiquei num estado zumbi de semi-consiência que nunca me deixava chegar a lugar algum. Sei lá, meus neurônios simplesmente não conectam. No colégio, eu ia, chegava na hora e dormia umas quatro aulas das seis que eu tinha no período da manhã. Dormia do tipo “o professor desistiu de te acordar, Vitor”. E até que ia bem nas notas, acho que eu tinha uma capacidade de “sleep learning”. Mas a questão não é essa. A questão é: de manhã eu não existo. Ponto.

Têm gente que é assim também, que eu sei. O Calça, por exemplo. Enfim, o problema é que alguém que é matinal decidiu forçar o mundo inteiro a ser madrugador também. E definiu que o horário comercial começa bem cedo, às 9:00. Que merda. Quem não é matinal tem que se adaptar, mesmo que essa pessoa, por exemplo, trabalhe com o máximo de qualidade e atenção de madrugada. Eu sou uma dessas. Eu “ligo” de noite, e com isso consigo escrever e fazer o que quer que eu tenha que fazer mais rápido e melhor depois das 22:00 (se bem que de tarde eu também funciono). No fundo, eu acho que certos empregos deviam se adaptar às pessoas, para que elas possam fazer as coisas bem feitas. Ainda mais com trabalho criativo (sim, inspiração é a maior desculpa que já inventaram, mas de certo modo ela existe).

Mas acontece que eu arranjei este emprego deprimente de meio período pelas manhãs. Onde eu não faço porra nenhuma, só fico sentado na frente do computador numa sala abafada sendo ignorado por todos. Que legal. E só trabalho lá porque minha família se encheu de ter um “vagabundo” manchando o nome do clã. É uma merda (meu tio é o meu chefe). E daí o que acontece? Acordo cedo pra caralho, vou para um ambiente depressivo, passo a manhã inteira com dor de cabeça e sono e quando eu volto pra casa, e começo a fazer o que realmente importa (escrever colunas, roteiros, letreirar hqs), estou com um puta mau-humor e sem a menor força de vontade. Que porra. E, nesse estado que me encontro, não sai nada de bom. A única coisa de bom que eu escrevi este ano foi uma coluna pra N-Planet (que inflamou uma puta briga no fórum do site), e olhe lá.

Também tem o fator família, que eu já citei. Caras, família pode ser uma merda. E a minha, quando tá inspirada, consegue ser um alicate apertando as bolas. É um porre. Mas aí entra em cena um equilíbrio estranho que apareceu depois que eu arranjei este trampo: eles pararam de me encher o saco. Afrouxaram o supracitado alicate. Mas eu me deprimo e não consigo fazer o que realmente importa pra mim por causa desse trampo. Ou seja, fica um conflito. Por isso que as colunas têm ficado ruins. Foi mal, não era a intenção. Mas é que tá foda.

Mas não se preocupem, fiéis três leitores do Blog Vamos Dominar o Mundo! O Bermuda vai sobreviver. Algum dia desses eu largo esse trampo e essa família, daí (espero) minhas colunas vão melhorar. Vocês vão ver.

Ou isso ou eu cresço, paro de choramingar, aprendo a conviver com a merda que a vida insiste em jogar na minha cara e tiro força de vontade do cu pra fazer as coisas direito. O que acontecer primeiro. O único problema desta segunda opção é o efeito colateral de acabar sendo engolido pelas “diretrizes da colônia”. Enfim.

Chega de choramingar. Tô com dor de cabeça e com sono, acordei muito cedo hoje. Mas consegui escrever esta coluna. Nada mau. NERDice do dia: “Família no trabalho pela manhã mata qualquer um”. Falô.