Olá, pessoal, hora de mais um B de Bermuda. Depois de um artigo bem NERD, altamente inspirado e quilométrico, voltei à minha falta de assunto. Que seja. Depois de refletir um pouco resolvi falar de uma teoria pessoal minha, que é sobre as pessoas Bacon e as pessoas Alface.
Pessoas Bacon são aquelas que não perdem a chance de comer exageradamente alguma coisa altamente engordativa em prol de uma felicidade fácil e imediata. Pessoas que gostam de ir num rodízio de carne e não apenas dar prejuízo pro restaurante, mas matar o pasto inteiro e ainda ajudar a prevenir o aquecimento global. Elas vão lá, enchem o rabo de comida e ficam felizes. Esfericamente felizes.
Já pessoas Alface ficam contentes com uma leve e refrescante saladinha na hora do almoço, na expectativa disso melhorar a saúde e a qualidade de vida delas a longo prazo. São pessoas que curtem um bom buffet de saladas e uma opção de carne branca acompanhadas de um suco, comendo não mais que o necessário pra matar a fome. Elas ficam felizes só de saber que estão controlando seus níveis de colesterol e a quantidade de calorias ingeridas.
Caso vocês não tenham percebido, pessoas Bacon não precisam necessariamente comer ou sequer gostar de bacon, é uma questão de atitude em relação à comida. O mesmo vale pras pessoas Alface. Mas, na verdade, essa diferenciação é só teórica, pois na prática ninguém é 100% do tempo Bacon ou 100% do tempo Alface. Por mais que as pessoas tentem.
Eu, por exemplo. Eu gostaria de ser Bacon 100% do tempo. Se pudesse, viveria consumindo apenas alimentos que incluem no preparo imersão em óleo fervente ou em calda de chocolate. Mas não dá. Não dá pra ser Bacon o tempo inteiro. Seja porque o Giraffas põe uma saladinha pra acompanhar os PFs que eles têm, seja porque minha veia japonesa me obriga a comer porções de arroz branco para me sentir bem comigo mesmo, seja porque uma nutricionista me falou que se eu não parasse com o refrigerante “normal” e ficasse no light eu não ia mais conseguir caminhar sem arrebentar o asfalto. Como vocês percebem, eu sou uma pessoa Bacon com recaídas Alfacísticas. Não tem como, no final das contas eu quero viver um pouco mais, até meu ataque cardíaco fulminante. Por isso eu me engano comendo um pouquinho de salada no rodízio ou eu peço refrigerante light no McDonald’s. É ridículo, eu sei, mas eu preciso dessa pequena porcentagem Alface na minha vida. Droga. Algum dia viverei só como Bacon.
Mas o inverso é o mais comum. Pessoas Alface que têm recaídas Bacon. Por exemplo, conheço uma vegetariana que, se pudesse, acabaria com o estoque mundial de cacau (sim, estou falando de você!). Ou o meu pai, que vive falando que vai virar vegetariano e ficar só com comida (e uma vida) light, mas que quando minha madrasta não está olhando, vai comigo num restaurante especializado em feijoada. Acho que de certo modo é mais difícil ser uma pessoa Alface, o lado Bacon é muito mais saboroso e cheiroso. Talvez chegue o dia em que todo mundo vai virar monge tibetano e só comer o que cai de árvore, mas até lá a tentação do lado Bacon vai continuar destruindo a auto-estima de pessoas Alface.
Como se não bastassem as dificuldades naturais de pertencer exclusivamente a um lado só da Força, aquelas que você batalha consigo mesmo para se manter fiel a seu paladar, ainda tem um bando de outras pessoas para te incomodar. Pessoas que ficam te julgando pelo que você come, pelo que você deixa de comer e pelo formato geométrico da sua silhueta. Não dá mais pra ser feliz sendo só Bacon, algum Alface vai te chamar de gordo balofo esférico banhudo e te deixar deprimido (principalmente quando for alguém do sexo oposto). Ou, no caso dos Alfaces, algum Bacon vai ficar te olhando como se você fosse anoréxico, achando que você é um anormal por não comer a gordura da picanha.
Qual a solução para esse conflito, os Bacon versus os Alface? Simples, dar uma de Tucano e ficar no meio do muro. Comer o que gosta quando estiver entre seus pares e fingir que pertence ao outro lado quando estiver com outras pessoas. Vai comer uma lasanha? Se for um Bacon, faça a festa, mas peça um suco. Ou dispense a sobremesa. Se for um Alface, peça uma lasanha verde. Continua altamente calórica, mas é verde. Engane quem estiver com você, engane a si próprio, mas coma e seja feliz. Tente achar um mínimo de contentamento em algum momento da refeição e em toda refeição, seja na salada ou na sobremesa. Já teve vezes que fui em restaurantes light que eu fiz a festa no pãozinho do couvert.
Na verdade, eu estou descrevendo o que todo mundo faz, consciente ou inconscientemente, mas alguém tinha que teorizar isso tudo. E, no fundo, ainda têm aqueles que se mantém fiéis a sua crença, comendo o que gosta o tempo inteiro e sem nenhum questionamento nem nenhuma dúvida quanto à sua escolha alimentícia. Alfaces que acham que o tempero da salada é muito calórico e comem a salada na marra e Bacons que gostariam de fazer um hot dog completo empanado enrolado em bacon. De certo modo, eu invejo essas pessoas que se mantém firme em seu caminho.
Bem, acho que já falei tudo que tinha a falar sobre o assunto. E você? É um Bacon ou um Alface? Ou é que nem o “salada filé” do Giraffas, uma salada de alface com pedaços de bacon (e bife e croutons e queijo ralado e tempero)? Enfim, seja o que for, coma o que quiser. NERDice do dia: “Comida é felicidade”. Falô.
Ps.: Caso alguém tenha feito piadinhas idiotas em cima do verbo “comer” durante minha coluna, amiguinho, vai se foder.